Há, pelo que percebo,
no inconsciente coletivo, a falsa ideia de que a internet veio nos trazer a
destruição, o medo, a mentira. Ouço sorrindo alguns discurso inflamados sobre
como devemos nos “armar”, como educadores, para nos protegermos dela. O medo,
às vezes, emburrece, embota a clareza das nossas ideias. Não creio que seja
essa a questão: combater a
internet. Necessitamos, sim, de que ela
se torne nossa aliada no combate à falta de ética e na formação de um novo
cidadão. Alguém capaz , consciente e criativo.
Não há dúvidas de que o novo sempre assusta, por nos fazer ver que vivemos à mercê da
tecnologia e essa nos surpreende quase que diariamente, mas aí está a questão.
A nossa covardia nos impele a querer combater, quando deveríamos procurar entender.
A internet não tem vida própria e isso é óbvio. Há quem a manipule e, como no
mundo real, precisamos estar atentos ao “quem” e não ao “que”.
Há ali um mundo de
magia, onde a interação entre homem e máquina parece não existir, mas existe e
precisa ser cuidada. Pronto. Quem pode fazê-lo, então? O professor. Esse serzinho
já tão desgastado pelos novos tempos, mas que ainda detém a força da palavra.
Logicamente que me refiro ao professor que ama a sua profissão, àquele que
cuida, aconselha, busca entender, especializa-se. Àquele a quem muitos ainda
entregam seus filhos à espera de que a vida lhes seja descortinada através
dele. Não me refiro ao professor que se traveste de artista, mas àquele que faz pensar, que forma, que conduz, que
mostra o mundo através da leitura. Daquele que encanta pela força da verdade no
que diz; que se faz respeitar pela transparência no olhar; que revela paixão a
cada encontro. Que não repete velhas piadas,
já tão batidas, mas que prova que o novo surge a cada dia, a cada momento; em cada
livro que se lê, em cada aula que dá. Como é gratificante saber que ainda
existem esses “velhos” “fazedores de
gente”. Os que não se intimidam diante da internet, porque sabem que ela veio a seu serviço e eles, jamais, serão
um seu escravo .
Como é doce saber que ainda há o professor que percebe num
olhar a dor, o medo, a ansiedade. Que busca fazer entender, Que não vai ser deletado, nem vai “dar pau”. Aquele que sempre
estará ali, sem precisar de um back-up para
funcionar direito. Com o tempo, a internet desgasta; o professor fica melhor, mas
se for uma amante do seu fazer diário.
A internet tem a força do novo, o professor , a força da
experiência; a internet mostra, o professor faz experimentar; a internet
informa, o professor forma; a internet encobre verdades, o professor desvenda a
vida; a internet faz nascer relações, o professor ensina como conservá-las.
Nada, então, pelo que se vê, pode superar, ou mesmo destruir, as relações
interpessoais. Ainda há , nos encontros
reais, uma magia louca, que põe a
química do corpo em estado de alerta. Isso é vida!
Portanto, não há
necessidade de se ficar temendo uma máquina. Quem está do outro lado dela é um
ser humano também. A magia da internet existe para ser cúmplice da história e
nos impulsionar para um novo tempo. Tempo de viver coisas maravilhosas, de
encantar pela imagem. Mas o homem jamais prescindirá do afeto, do olhar, de um
beijo quente, numa boca doce, do tocar, de um abraço que mata saudades, E ali
estará sempre o professor.
Profª Rozana Pires
Nenhum comentário:
Postar um comentário