Sonhei...
Abria asas enormes, que criavam vida.
O voo seria longo e distante...
Ensaiei um movimento lento,
Como uma valsa, como uma ave iniciante.
Meu corpo desprendia-se do chão.
Pura magia...
Voei...abracei a vida, vi gente chorando e risadas perdidas.
Vi o mundo em guerra, mas uma criança nascia!
Vi o verde das matas e muita alegria;
Vi o sol que nascia e uma lágrima que caía.
Vi o homem criar coisas e destruir a harmonia.
Vi a mãe aconselhar, a beata rezar, o mestre ensinar.
Vi o amor explodir em gemidos e o homem negar um pedaço de pão.
Minhas asas abraçavam o mundo.
Delas emanava música, vinda pela paz que em mim nascia.
Vi mundos variados.
Vi o gado sendo tangido pelo peão, maltratado pelo sol.
Vi o touro ser morto inutilmente e gritos de emoção.
Vi a criança que chorava diante da destruição
Vi o Circo chegando e o palhaço se preparando.
Senti Clarice chorando;
Quintana deitando emoção;
Senti o Pessoa na minha pessoa.
Era hora de acordar.
Fechei o livro, recolhi minhas asas.
Estava na hora de voltar.